A chave para a evolução humana pode ter estado no fundo de nossas mentes o tempo todo – literalmente. Algumas das maiores diferenças bioquímicas entre os cérebros humanos e os de outros primatas são encontradas no cerebelo, uma região na parte posterior do cérebro que muitas vezes tem sido esquecida em estudos evolutivos.
A descoberta aumenta as evidências de que as mudanças no cerebelo foram cruciais para a origem da mente humana.
Todos os animais com espinha dorsal têm um cerebelo, que está envolvido no controle do movimento.
“Não está realmente associado a muito do que é exclusivamente humano”, diz Elaine Guevara, da Duke University, na Carolina do Norte. Em vez disso, os neurocientistas que buscam explicar a evolução de nossos cérebros tendem a se concentrar no córtex, a espessa camada externa do prosencéfalo – especialmente o córtex pré-frontal, que sustenta nossa capacidade de decidir conscientemente o que fazer.
Nos últimos anos, alguns neurocientistas argumentaram que o cerebelo mudou mais do que se pensava durante a evolução humana e que essas mudanças podem ter sido cruciais.
Guevara e seus colegas estudaram o cerebelo e o córtex pré-frontal em nível molecular. Eles coletaram amostras de cérebro de humanos, chimpanzés e macacos chamados macacos rhesus e extraíram DNA de ambas as regiões do cérebro.
A equipe procurou ver quais partes do DNA tinham pequenas moléculas chamadas grupos metil anexadas. A metilação é um exemplo da chamada influência epigenética em nossos genes. Os padrões de metilação refletem quais genes foram ativos e inativos durante a vida de um animal e variam entre as partes do corpo e entre as espécies.
A equipe de Guevara descobriu que o padrão de metilação no DNA humano era diferente daquele em chimpanzés e macacos. Crucialmente, a diferença entre as espécies era maior no cerebelo do que no córtex pré-frontal, sugerindo que houve mais mudanças durante a nossa evolução.
Não está claro o que as mudanças de metilação fizeram, diz Guevara. Mas existem pistas intrigantes. Sabe-se que alguns dos genes em que os padrões de metilação cerebelares eram diferentes estão envolvidos na mudança da força das conexões entre os neurônios, um processo considerado importante para o aprendizado.
Alguns deles também estão associados a diferenças de neurodesenvolvimento, como autismo e condições neuropsiquiátricas, como esquizofrenia, que podem ser exclusivas de humanos ou pelo menos mais comuns em humanos, diz Guevara.
Publicado em 10/05/2021 10h27
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