Dados de GPS revelam possível terremoto e risco de tsunami no noroeste da Colômbia

Crédito CC0: domínio público

Dados de uma rede GPS na Colômbia revelaram uma parte rasa e totalmente bloqueada na zona de subducção do Caribe no país, o que sugere um possível grande risco de terremoto e tsunami na região noroeste.

O trecho bloqueado ao sul da cidade de Cartagena é capaz de gerar um terremoto de magnitude 8,0 a cada 600 anos, disse Sindy Lizarazo, da Universidade de Nagoya, no Japão, que apresentou o estudo na Reunião Anual de 2021 da Sociedade Sismológica da América (SSA).

A Colômbia fica no meio de uma zona tectônica complexa, para onde convergem as placas tectônicas do Caribe, de Nazca e da América do Sul e outros blocos tectônicos menores. A placa caribenha está convergindo muito lentamente com a parte norte da Colômbia – movendo-se a 7 milímetros por ano – o que pode ser em parte a razão do longo período entre os grandes terremotos no noroeste da Colômbia.

“O único registro histórico recente de um terremoto desastroso de magnitude 6,4 na região do Caribe colombiano foi em 22 de maio de 1834 perto de Santa Marta”, disse Lizarazo. “Porém, não há nenhum evento sísmico que atenda à magnitude estimada por nosso estudo, nem tsunamis no registro histórico na parte norte da Colômbia”.

Para entender melhor os movimentos complexos e deformação crustal que ocorrem na região, Lizarazo e colegas analisaram dados da rede GPS nacional chamada GeoRED (GEOdesia: Red de Estudios de Deformación em espanhol). A rede é operada pelo Serviço de Pesquisa Geológica da Colômbia desde 2007 e conta com 150 estações permanentes em operação contínua.

Os dados de GPS podem ser usados para estimar os movimentos e a deformação crustal das placas tectônicas interagindo umas com as outras. Os dados analisados por Lizarazo e colegas revelaram o movimento da parte norte do Bloco Norte Andino – uma “microplaca” espremida entre as placas de Nazca e da América do Sul – que faz com que ela interaja com a placa caribenha em subdução.

Usando esses dados junto com uma configuração de laje realista, os pesquisadores estimaram a extensão e o grau de travamento entre placas ao longo deste limite, onde as tensões podem aumentar sem serem liberadas em um terremoto.

O estudo “fornece a primeira evidência de uma região fechada e rasa ao sul de Cartagena”, disse Lizarazo. “Isso indica que este segmento do limite das placas Caribe-América do Sul no noroeste da Colômbia pode ser o local de risco significativo de terremoto e tsunami.”

Para avaliar totalmente esse potencial de risco, os pesquisadores precisam realizar um mapeamento geológico em grande escala e procurar evidências de tsunamis e grandes terremotos anteriores na região, entre outros estudos. “Também é necessário continuar com o adensamento da rede GPS no país, aumentando sua cobertura e operação em tempo real”, disse Lizarazo.


Publicado em 20/04/2021 12h08

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