Este é o ponto em que as pessoas começam a confiar nos algoritmos mais do que em outros seres humanos

(Eduard Muzhevskyi / Science Photo Library / Getty Images)

Os algoritmos podem nos ajudar em tudo, desde escolher que música ouvir em seguida até encontrar o voo mais barato online. Agora, uma nova pesquisa revela um dos pontos de inflexão que tendem a nos fazer confiar no julgamento de um computador em vez de no humano.

As descobertas oferecem uma visão interessante sobre como estamos prontos para permitir que algoritmos tomem decisões por nós – e como eles têm o potencial de otimizar nossas vidas e torná-las mais fáceis, mesmo que tirem alguma autonomia.

“Parece que há uma tendência de se apoiar mais em algoritmos à medida que uma tarefa fica mais difícil e esse efeito é mais forte do que a tendência de confiar nos conselhos de outras pessoas”, disse o aluno de doutorado de sistemas de informação de gerenciamento Eric Bogert, da Universidade da Geórgia.

Em experimentos envolvendo 1.500 participantes, os voluntários viram fotos e pediram para contar o número de pessoas nelas. Eles também foram capazes de receber sugestões de um algoritmo de computador e da média de palpites de outras pessoas.

À medida que o tamanho da multidão nas imagens aumentava – e, portanto, a tarefa ficava mais difícil – os voluntários começaram a confiar cada vez mais nas avaliações do computador. O número de pessoas nas imagens variou de 15 a até 5.000.

Parte do que pode nos fazer inclinar para algoritmos neste caso, dizem os pesquisadores, é que é um exercício de contagem, algo que os computadores deveriam fazer bem. É também um teste em que há claramente uma resposta certa ou errada.

“Esta é uma tarefa em que as pessoas percebem que um computador é bom, embora possa estar mais sujeito a vieses do que contar objetos”, disse Aaron Schecter, pesquisador de Sistemas de Informação da Universidade da Geórgia.

Os pesquisadores estão ansiosos para enfatizar que nossa percepção de quão preciso um algoritmo será é importante – em parte porque pode significar que negligenciamos preconceitos e discriminações nos resultados que a inteligência artificial nos apresenta.

“Um dos problemas comuns com a IA é quando ela é usada para conceder crédito ou aprovar alguém para empréstimos”, diz Schecter. “Embora seja uma decisão subjetiva, há muitos números lá – como renda e pontuação de crédito – então as pessoas acham que este é um bom trabalho para um algoritmo. Mas sabemos que a dependência leva a práticas discriminatórias em muitos casos por causa de fatores sociais que não são considerados.”

E a importância dessas decisões geradas por computador só vai crescer nos próximos anos. Já estamos contando com eles para classificar nossas fotos digitais, definir preços de produtos online e até mesmo prever como os programas de televisão vão terminar.

O próximo passo para a equipe por trás deste estudo é uma análise de quanto confiamos em algoritmos quando se trata de tarefas criativas e de fazer julgamentos morais, como escrever passagens descritivas de prosa ou definir níveis de fiança para prisioneiros.

“Os algoritmos são capazes de realizar um grande número de tarefas, e o número de tarefas que eles podem fazer está se expandindo praticamente todos os dias”, diz Bogert.


Publicado em 18/04/2021 15h20

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