Cientistas decifram a fusão nuclear do Sol pela primeira vez

Borexino

Pela primeira vez, os cientistas foram capazes de medir diretamente o tipo de fusão nuclear que ocorre no núcleo do Sol.

O estudo, publicado quarta-feira na revista Nature, revela que nossa estrela realiza o que é chamado de ciclo de fusão carbono-nitrogênio-oxigênio (CNO), um processo que envolve elementos mais pesados do que os cientistas esperavam para uma estrela do tamanho do Sol. Mais importante ainda, ele confirma empiricamente que o ciclo CNO existe, algo que os cientistas não foram capazes de fazer desde a hipótese dele durante a década de 1930.

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As tentativas anteriores de estudar a fusão do Sol levaram a dados incompatíveis de fontes indiretas, de acordo com um comunicado à imprensa da Universidade de Massachusetts Amherst. Este novo estudo, no entanto, foi direto à fonte, capturando neutrinos: partículas subatômicas extremamente elusivas chamadas neutrinos que são constantemente disparadas pelo núcleo do Sol, mas geralmente passam direto pela Terra.

Usando o detector Borexino, uma instalação subterrânea na Itália, uma equipe de mais de 100 cientistas conseguiu localizar esses neutrinos CNO vindos do Sol – algo que os cientistas presumiram que só aconteceria com estrelas muito maiores que contêm elementos mais pesados.

Vida nova

Os cientistas já haviam encontrado neutrinos liberados quando o Sol funde hidrogênio em hélio, um processo característico de estrelas mais leves que emite 99% da energia solar. A nova descoberta não apenas estendeu a vida útil do detector Borexino – que estava programado para ser desativado no próximo mês – mas também revitalizou a compreensão do cosmos pelos cientistas.

“A confirmação da queima do CNO em nosso sol, onde opera a apenas 1%, reforça nossa confiança de que entendemos como as estrelas funcionam”, disse a física Andrea Pocar da UMass Amherst no comunicado.


Publicado em 28/11/2020 18h56

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