Um grupo internacional de pesquisadores publicou um estudo no qual mostra que grupos que viviam nas áreas costeiras da Amazônia brasileira há 1.800 anos consumiam mais carne do que peixe, o que questiona a crença de que sua dieta era baseada na pesca.
Uma equipe internacional de pesquisadores conseguiu reconstruir as dietas de antigos grupos pré-colombianos que viveram na costa amazônica do Brasil durante o Holoceno tardio, entre 1.000 e 1.800 anos atrás.
Um estudo internacional realizado no âmbito do projeto TRADITION, financiado pelo European Research Council (ERC), conseguiu reconstruir as dietas de antigos grupos pré-colombianos que viveram na costa amazônica do Brasil durante o Holoceno tardio, entre 1.000 e 1.800 anos atrás. , e também analisou a origem e as mudanças nas economias pré-colombianas da Amazônia brasileira. Durante as últimas décadas, a origem e evolução das economias pré-colombianas na área tem despertado o interesse do meio acadêmico graças às inúmeras descobertas que se desenvolveram nesta região.
Tradicionalmente, a escassez de vestígios humanos desse período na Amazônia limitou a compreensão da contribuição das plantas, animais terrestres e peixes para as dietas individuais na área e, portanto, seu papel no apoio ao crescimento. de mudanças populacionais e culturais na Amazônia antes do contato com os europeus. Para analisar as dietas desses grupos humanos, este novo estudo, liderado pelo pesquisador André Colonese e publicado na Scientific Reports, utilizou análises isotópicas estáveis de carbono e nitrogênio do colágeno ósseo de vários indivíduos, além de modelos matemático (métodos bayesianos).
MAIS CARNE DO QUE PEIXE
Os pesquisadores descobriram que, apesar da proximidade com os recursos marinhos e evidências da pesca, as dietas dessas populações eram baseadas principalmente em plantas e animais terrestres. Assim, mamíferos e plantas eram as principais fontes de ingestão calórica e protéica. Entre os animais identificados estavam várias espécies de roedores, um cervo e um bagre ou bagre. Quanto às hortaliças, consumia-se grande variedade de plantas silvestres e cultivadas como mandioca, milho e abóbora, entre outras.
Entre os animais identificados estavam várias espécies de roedores, um cervo e um bagre ou bagre. Quanto às hortaliças, consumia-se uma grande variedade de plantas silvestres como mandioca, milho e abóbora.
“Os resultados questionam a suposição geral de que o peixe era o principal componente econômico e a maior fonte de proteína entre as populações pré-colombianas que viviam nas proximidades de ambientes aquáticos na planície amazônica”, explica Colonese. O pesquisador acrescenta que os resultados indicam que essas populações dedicaram esforços consideráveis à caça, ao manejo florestal e ao cultivo de plantas. “Nosso estudo fornece informações quantitativas sem precedentes sobre o grau em que diferentes categorias de alimentos em sistemas agroflorestais atendem às necessidades calóricas e protéicas das populações da Amazônia pré-colombiana e corrobora o crescente consenso que essas economias de subsistência diversificadas impulsionaram transformações culturais, demográficas e ambientais na bacia amazônica oriental durante o Holoceno tardio”, explica o cientista.
O estudo teve a colaboração de uma equipe internacional de cientistas da Universidade de Groningen, na Holanda, do Instituto Max Planck de Ciências da História Humana na Alemanha, da Universidade de Oxford e da Universidade de York no Reino Unido. Universidade Masaryk da República Tcheca, Instituto do Meio Ambiente Humano e Universidade Federal do Maranhão no Brasil, e dos quais também fazem parte o Instituto de Ciência e Tecnologia Ambiental (ICTA-UAB) e o Departamento de Pré-história da UAB.
Publicado em 20/10/2020 10h29
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